Capitulo 3

Ele não tinha culpa, eu sabia. Ele não tinha culpa das coisas que nem sabia. Eu tinha perdido totalmente o clima depois daquilo, mas mesmo assim fomos pra boate preferida de Luan em Londrina. Combinamos que iríamos nos divertir, sem beber. Os dois. E isso realmente aconteceu, por um tempo pelo menos. Afinal, tudo que é bom dura pouco. Nos divertimos quase a noite toda, mas era tarde já quando um homem começou a dar em cima de mim. Eu nunca tinha ficado com ninguém perto do Luan, ele sabia de alguns rolos, mas quando estava com ele, era só ele. Eu não me sentia bem. Mas aquele dia foi diferente. Eu me interessei no homem. Seu nome, pelo que me disse, era Felipe. Luan iria ser pai, se casar, estava feliz, e eu não podia parar minha vida. Começamos a ficar quando Luan foi ao bar pegar um suco. Depois, enquanto dançávamos, vi ele observar de longe. Ficou quieto olhando a pista de cima do camarote, bebendo algo. Felipe propôs que fossemos pra outro lugar, e eu aceitei. Mas antes tinha que avisar Luan e deixei Felipe olhando enquanto caçava ele. 

- Achei você. - Olhei sua mão, ele bebia. - Planejamos não beber Luan! 

- Não importa. 

- O que foi que você ta emburrado? 

- Não foi nada. Cade aquele cara? 

- Então, vim te avisar que vou com ele. Tudo bem? 

- Tudo mal Carolina! Você veio comigo, volta comigo. 

- Mas eu vou ir com... 

- Comigo Carolina. 

- Você bebeu demais. 

- Carolina, estou bem sóbrio. Sei bem o que to fazendo. Vamos pra casa. 

- Eu não vou. Você bebeu Luan, quebrou nosso acordo. - Comecei a chorar. Estava sensível. - Já até passou da meia noite, e eu não ganhei seu parabéns. 

- Eu te dou meus parabéns em casa. - Ele sorria pra mim. 

- Luan, eu vou com o Felipe. - Acho que estava cansada de ter o coração tão maltratado pelos sentimentos. 

- Carolina, você nem conhece esse cara! 

- Eu sei, mas eu realmente estou a fim de ir. - Luan começou a me puxar pra mais perto, enquanto discutíamos. 

Felipe se aproximou, Luan me soltou e ouvimos ele dizer: 

- Vamos Carol? 

- Não, ela não vai. - Luan disse passando a mão pela minha cintura.

- Eu acho que quem tem que decidir isso é ela. 

- Você não acha nada. Ela veio comigo, vai embora comigo. 

- Olha cara... 

- Minha conversa não é com você. 

Luan me pegou pela mão e deu alguns passos, me puxando. Parou me olhando, e depois me abraçou. 

- Carolina, se você quiser mesmo ir, vai, eu não vou te impedir. 

Parei por um segundo pensando, olhei pra Felipe, depois pra Luan, mas meu coração começou a bater mais forte. Não sei se Luan fazia isso por que sabia, mas era fato que era sacanagem me fazer escolher. Ele sabia que iria com ele embora, se ele começasse me olhar daquela forma. Segui até Felipe para me despedir, lhe deu me telefone e Luan me olhava sorrindo. 

- Vamos? - Fui até ele. 

- Vamos minha linda. - Luan pegou minha mão e começou a me puxar entre as pessoas. 

No caminho de volta fui em silencio, pensando em minha vida. Talvez tudo estava como eu queria, menos o essencial. Ele. Me distrai e quando vi, Luan entrava com o carro num MC. 

- Vai comprar? 

- To com fome, você não? 

- Estou. 

- Beleza. 

Quando foi a vez dele fazer o pedido, ele nem perguntou o que que queria. Logo já estávamos pegando. 

- Você nem viu o que eu queria! 

- Carma muié, eu sei o que você gosta viu? - Ele riu. 

Não demorou muito e estávamos em casa. Depois de enfrentar o elevador, chegamos no meu andar. E foi ai que começou meu aniversario de verdade. Luan chegou jogando os tênis em qualquer lugar e sentando no tapete da sala. Fiz o mesmo com meus saltos e sentei ao lado dele. Comemos rindo, brincando, e depois, enquanto comíamos um pote de quase todo de sorvete que tinha em casa, eu deitei com a cabeça em seu colo. Ele me fazia carinho, colocava sorvete na minha boca, mandando eu tomar cuidado pra não engasgar por estar praticamente deitada. 

- Carolzinha muié, cê precisa namorar. 

- Eu? 

- É! - Comecei a ficar sem graça. - Nem vem dar desculpa que quer terminar a faculdade. Ela acaba esse mês Carol. E eu vou casar ano que vem e nunca te vi com ninguém. 

Seus olhinhos brilhavam quando ele falava dela. 

- Você está feliz não está?

- Demais Carol, demais. Mas não muda de assunto. 

- Ah Luan, não vou namorar sem gostar. 

- Nossa, mas esses homens tão tudo frouxo demais. Você ai, solteira no pedaço, linda desse jeito e nada? 

Meu mundo parava cada vez que ele me elogiava. Fiquei algum tempo olhando pra ele. 

- O que foi? 

- Luan, você acha mesmo? 

- O que muié? - Ele prestava atenção no seu sorvete. 

- Eu... Bonita? 

- Acho, por que não acharia? Você é linda, por dentro e por fora. 

Ele ficou me olhando por um tempo. 

- Você diz isso por que eu acho a Eduarda linda e ela é muito diferente de você, não é? Carol, você tem muito ainda o que aprender sobre os homens. 

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