Capitulo 6

Ela estava acordada. Luan segurava a mão dela apreensivo, nervoso enquanto eu filmava. Depois de algum tempo, Lilian nasceu. Ela era pequenina demais, mas linda. Luan estava emocionado, e Eduarda também. A enfermeira deu pra ela a criança, e eles choravam com Lili no colo. Luan dizia algumas coisas pra Eduarda e então pegou ela no colo, beijando e chorou. Comecei a chorar também. Era uma cena linda. A enfermeira pegou ela, ele beijou e abraçou Eduarda, dizendo que a amava. E então, tudo foi rápido demais. Os médicos se agitaram, e uma enfermeira puxou Luan, tirando o de perto de Eduarda. Percebi que alguma coisa estava acontecendo e desliguei a câmera. Ele se soltou da moça e chorando deu um beijo nela, desesperado. Um enfermeiro puxou ele e eu estava assustada. Ela me chamou, chorando. Fui até ela enquanto o enfermeiro me puxava. Ela pegou em minha mão e me disse:

- Posso de pedir uma coisa?

- Todas. 

- Eu... Eu não vou poder cuidar da minha filha. 

- Não diz isso. 

- Carol, cuida dela, cuide dela como uma filha, por favor? Eu sei que você gosta dela, sei que vai ser boa pra ela. 

- Eu cuido. - Disse chorando. 

- E cuida do Luan. Acho que sou a única pessoa que percebi, mas eu sei o que sente por ele. Cuida dele, eu te entrego em suas mãos. Eu sei que você ama ele o suficiente pra fazer isso por mim. 

- Eu vou cuidar, eu prometo. 

Ela me deu um beijo na mão e disse:

- Eu gosto muito de você. Faça ele feliz, faça minha filha feliz... E não deixe eles esquecerem... Que eu os amei... Cada segundo. 

- Eu também gosto de você. E eu prometo isso pra você. Mas vai ficar tudo bem.

Ela sorriu e fechou os olhos, afrouxando minha mão. Olhei pra trás, um enfermeiro tentava botar o Luan pra fora e logo fizeram o mesmo comigo. Quando cheguei lá, Luan estava descontrolado. Eu abracei ele, e fazia de tudo pra afasta-lo da sala, chorando, mas era difícil. Um enfermeiro me ajudou e então sedaram ele. Segui com Luan pro quarto, desesperada, chorando. Ele estava dormindo, deitado na cama em poucos minutos. Um medico entrou e me deu uma noticia que fez meu coração despedaçar só de pensar no sofrimento que aquilo traria pra Luan, e pra todos, inclusive eu, que gostava muito dela, apesar de tudo. Eduarda tinha falecido. Fiquei confusa por um tempo, olhando pra ele. Luan era tão novo, tão bom, não merecia nunca no mundo viver aquilo, e mesmo se merecesse, não desejaria a ninguém. Ele a amava, estava de casamento marcado e agora eles tinham um filha. Resolvi que tinha que dar a noticia ao pai dele. Deixei Luan ali e voltei pra lá, chorando e quando ele me viu, abracei forte. 

- O que foi Carol? 

- Amarildo... - Eu tinha certa intimidade. 

- Fala querida, nasceu? 

- Nasceu. - Me afastei sorrindo e ele fez o mesmo. - Parabéns vovô! 

Ele deu uma risada gostosa e depois me abraçou. Eu não queria tirar aquela felicidade dele, mas precisava.

- Vou ligar pra Marizete e falar pra todos virem conhecer Lili! 

Segurei seu celular antes dele discar.

- Espera, tenho outra noticia. 

- O que foi? - Ele se assustou. 

- Eduarda... Teve complicações, eles fizeram de tudo, mas... 

- Ta de brincadeira? - Ele me olhou assustado. 

- Não, infelizmente. Ela faleceu. 

- Cade o Luan? - Eu vi seus olhos molhados. 

- O Luan estava muito agitado quando os médicos tiraram a gente da sala, então sedaram ele... É capaz dele lembrar de algo, mas não sabe exatamente...

Ele sentou, passando a mão pelo rosto.

- Como vamos contar isso pra ele? 

- Eu não sei. - Limpei meu rosto.

Ele me chamou e sentei ao seu lado. Seu Amarildo passou o braço por mim e tentou me acalmar, dizendo que eu estava nervosa. Fiquei um tempo ali com ele, que disse que ia pra casa dar a noticia. 

- Você fica aqui com o Luan? 

- E se ele acordar? 

- Não tem como evitar contar pra ele. 

- E a Lilian? 

- Vou trazer o pessoal pra ver ela. 

- Eu não quero ficar aqui sozinha... 

- Calma, eu também to assustado! Eu vou rápido, acho que o Luan não vai acordar. E quando ele acordar, vai precisar de todos nós. - Ele me abraçou. 

- Eu não queria que fosse assim. - Me desesperei chorando mais, me sentia mal por não ser feliz com o relacionamento dos dois, e agora tinha acontecido isso. - Foi horrível. 

- Ninguém queria isso. Eu não sei ainda nem o que pensar. Não sei como vai ser agora, mas ele vai te querer por perto. 

- Eu vou ficar. 

- Então se acalma até eu voltar pelo menos. Trarei a Bruna, ela vai sair daqui com você pra você se acalmar um pouco. Mas fica aqui com ele pra mim. E a Lili? 

- Foi levada pro berçário.

- Ela ta bem? 

- Ta, ta sim. Vão fazer exames, mas ele disse que está tudo bem. 

Ele saiu e eu fui pro quarto. Fiquei sentada pensando em tudo que estava acontecendo. Chorando. Quando seu Amarildo chegou, bateu na porta. Luan ainda dormia. Ele disse que ficaria ali e que me esperava na recepção. Quando cheguei, abracei forte Dona Marizete. Eles todos choravam, tristes. Bruna me puxou e me levou pra tomar um ar. Eu me acalmei bem com ela, conversamos. Mas quando voltamos, Amarildo estava conversando na recepção. Ele me olhou e me chamou, me abraçou, perguntou se eu estava melhor. E depois, me disse que Luan tinha acordado, que já sabia do tudo. 

- Cade ele? 

- Ele está no quarto. 

- E como ele está? 

- Ele pediu pra ficar sozinho um pouco minha querida, mas ele pediu pra assim que eu te encontrasse, pedisse pra você ir vê-lo. 

- Não, a senhora já viu ele? - Perguntei pra mãe. 

- Já linda, agora ele quer você. 

- E a Bru? 

- Eu vou depois. - Ela beijou minha mão. - Vai lá. 

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