Capitulo 7

Quando entrei no quarto, Luan estava inconsolável, chorando. Já na porta, antes dele me ver, voltei a chorar. Fechei a porta e me aproximei devagar.

- Carol... - Ele me chamou quando me viu. - Me abraça! 

Abracei ele forte, apertando bem, e ele fez o mesmo. 

- Fica calmo. 

- Como Carol? Por que? 

- Lu... - Me afastei e peguei em seu rosto. - Eu sei que não vai ajudar, mas olha, você tem uma fé enorme, então pensa que cada um tem uma missão na terra. A dela foi mudar sua vida. E agora você tem a Lilian, que precisa de você. De um pai forte, que ajude ela a superar a perda da mãe. 

- Eu não sei como vou cuidar dela Carol... 

- Eu vou te ajudar! Eu vou ser uma mãe pra ela, eu te prometo. Eu prometi pra Eduarda. 

- Você não tem obrigação. Eu não que... 

- Para! Olha pra mim... - Puxei seu rosto. - Eu amo essa menina como se fosse minha filha. Eu vou te ajudar. 

- Ela é linda. - Ele sorriu, limpando as lagrimas. 

- Busque forças nela! 

- Eu não sei se vou conseguir.

- Você vai. - Apertei sua mão. - Agora, você tem que se recuperar né? Pra levantar dai logo. Daqui a pouco o medico vai passar pra ver se você se acalmou pra te liberar, pra vermos Lilian! 

- Eu não sei nem por que to aqui. 

- Por que quase teve um ataque.

- Ai Carol, eu não sei o que vai ser de mim agora. 

- Vai ficar tudo bem. - Abracei ele e fiquei conversando até o medico passar. 

Ele nos liberou, e então poderíamos voltar pra casa. Passamos na recepção e logo todos abraçaram ele. Só poderia entrar de dois em dois no berçário, então iria eu e Luan, por que éramos os únicos que não tínhamos ido ainda. Quando chegamos, tivemos que ver ela do vidro. O medico foi até a gente, conversou. Explicou que ela era pequena, mas estava quase perfeita. Seu peso era de 1800 gramas, então era possível que saísse logo do hospital. Ele olhou pra Luan, e acho que de tanto que seus olhos estavam inchados, ele nos permitiu entrar. Entramos devagar, a enfermeira pegou ela e colocou no colo dele. Ele voltou a chorar, mais calmo, e dizia pra ela que ia cuidar dela. Depois peguei ela um pouco pra ele sair, não estava se sentindo bem, queria sair dali. Ela era linda, tinha o rosto do Luan, era muito parecida com a Bruna. Praticamente não tinha nada de Eduarda. Era a cara do pai. Vi Luan pelo vidro, olhando nós duas. Acho que ele só precisava ficar sozinho um pouco. 

- A tia ta tão preocupada com seu pai amor. - Balancei a pequena.

- Ela é grandona pra um bebe prematuro! - A enfermeira puxou assunto. 

- Ela logo logo vai estar longe daqui não é linda?  - Conversava com ela e sorri pra enfermeira. - Seu pai te ama, só está um pouco nervoso. 

- Ela é a cara dele. 

- Luanzinha! - Ri.

- Você é tia dela? 

- Não. - Sorri pra moça. - Sou tia de coração. Na verdade, vou ser madrinha.

- Era amiga da mãe? 

- Não. Sou melhor amiga do Luan.

- Ah sim, que diferente, é comum a madrinha ser melhor amiga da mãe. 

- É, mas acho que Duda não conseguiu discutir com o pai babão. - Ri. - Fomos criados a vida toda juntos. 

- É gostoso uma amizade assim. 

- Aquele me dá muita dor de cabeça, mas eu não vivo sem. - Ri. 

A enfermeira se chamava Eliana, ela era legal, e seria grande companheira, por que ainda veria ela todos os dias. Me despedi de Lilian, com aperto no coração, e ao me ver fazendo isso, Luan entrou e pegou ela no colo. Se afastou de nós e apoiado numa parede, ficou mexendo com suas mãozinhas, e chorando. Eu deixei, ele precisava daquilo, fiquei conversando com Eliana e depois quando vi que já estávamos a muito tempo ali, me aproximei de Luan.

- Lu... - Peguei no cabelo dele. - Acho que Lili precisa descansar, e você também. 

- Eu não quero ir pra minha casa e rever ela caindo daquela escada. - Ele deixava a filha pegar em seu dedo. 

- Quer ir pra casa?

- Eu posso? Deixa eu ficar na sua casa?

- Deixo, mas vamos. Você precisa descansar. 

- Eu quero saber dela, pra onde foi levado o... Corpo. - Seus olhos eram urgentes. 

- Lu, os pais dela, e os seus, estão vendo isso. Você só vai precisar se preocupar com isso amanhã. Hoje vamos pra minha casa e vamos fingir que é só uma noite normal, você ai comer, tomar banho e depois dormir. 

- Eu não vou conseguir. 

- Você vai. - Peguei em sua mão. - To com você.

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