Capitulo 10

Alguns dias depois do batizado de Lilian, acordei de manhã com o interfone tocando, numa terça. Luan estava em casa, e quando levantei, encontrei ele trombando no sofá da sala, de tanto sono. 

- Luan? 

- Calma, eu to bem. - Comecei a rir e ele também, enfim chegou ao interfone e pegou. 

Conversou um pouco e desligou. 

- Quem era? - Perguntei rindo. 

- Para de rir! - Ele riu. - Os pais de Eduarda estão aqui. 

- Luan! - Me assustei. 

Bom, eles não gostavam muito de Luan, e muito menos de mim, quem dirá da ideia de morarmos juntos. 

- Eles estão entrando. - Ele encostou na parede, levantando o pé e segurando pra trás, devia estar com dor. 

- E agora?

- Agora nada. Vou me trocar. 

Ele estava sem camiseta e de shorts. 

- Vou me esconder! - Gritei pra ele correndo pro meu quarto, mas ele me puxou. 

- Vai não bonitinha, vai se trocar. 

- Me deixa se esconder! 

- Não, vai se esconder deles a vida toda? Eles tem que aceitar! 

Sai correndo, tirei meu pijama e coloquei uma roupa melhor. Quando sai, ouvi Luan abrir a porta. Respirei fundo, pedindo pra Deus me ajudar. Escutei ele cumprimentando Dona Márcia e Seu Carlos. Fui andando, abri um sorriso. 

- Bom dia, que bom recebe-los. 

Luan atras deles fez uma careta, fechando a porta. Eles foram secos comigo, respondendo somente um boa dia. Fiquei super sem graça. Luan respirou fundo e pediu pra sentarem. 

- Cadê Lilian? - Dona Márcia perguntou. 

Sentei do lado de Luan, no sofá de frente pra eles. 

- Está dormindo! - Ele sorriu. - Ela está grandona, bonita. 

- Luan, o que está fazendo nessa casa? - Seu Carlos perguntou, grosso. 

Luan me olhou assustado. 

- Como assim? Aqui é minha casa. 

- Vocês estão juntos? 

- Não! A Carol é...

- Era sua amante. - A senhora baixinha, a cara de Duda, falou. Estávamos assustados. - Eu não admito que minha neta more embaixo do mesmo teto da mulher com que você traia a mãe dela. 

Me arrumei no sofá, olhei pra Luan e encostei no encosto. Fui um pouco pro lado dele, puxei seu braço. 

- Lu...

- Calma. - Ele pegou minha mãe e apertou. - Desculpa, mas eu não estou entendendo. Eu nunca trai Duda, e Carolina é minha amiga, minha irmã praticamente. 

- Ah Luan, não vem nos enganar. - O pai dela começou a discutir. - Minha filha morre e você vai morar com outra? Vocês viviam o tempo todo grudados! Eu sempre alertei Duda, mas ela nunca me escutou. Viemos pegar Lilian, vamos levar ela pra Campo Grande.

Senti o corpo dele endurecer, apertou minha mãe. Eles não podiam leva-la!

- Carol, vai pro quarto da Lili, fecha a porta. - Ele disse baixo apertando a minha mão.

- Não. 

- Vai, por favor. 

Me levantei, mas parei a metros deles, não fui. 

- Vocês não vão leva-la. - Luan disse firme. 

- Vamos sim, vocês são dois imaturos, não podem cuidar dela! Não sabem! Traiam a minha filha. 

A mãe dela se levantou e veio em direção ao corredor, pra ir pro quarto, queria pegar a bebe. Luan levantou e não deixou. 

- VOCÊS ACHAM QUE VEM AQUI E ME TIRAM MINHA FILHA? QUEM PENSAM QUE SÃO?! LILIAN NÃO SAI DAQUI. - Ele gritava. Comecei a chorar. 

- PARA DE GRITAR COM MINHA MULHER! 

- MANDA ELA SE AFASTAR E NÃO RELAR NA MINHA FILHA! 

- VOCÊ NÃO MERECE ESSA CRIANÇA. QUEM MERECE NÃO ESTÁ MAIS AQUI! 

- NÃO MEREÇO MERDA NENHUMA! FAZ MESES QUE A GENTE CUIDA DELA COM O MAIOR CUIDADO. VOCÊ NÃO VÃO CHEGAR NA MINHA CASA, DESTRATAR MINHA AMIGA E EU E AINDA DIZER QUE NÃO CUIDAMOS DELA! 

Me aproximei assustada e peguei nele.

- Luan, calma!

- Carolina, eu mandei você ir pro quarto da Lilian e fechar a porta caramba, difícil de entender? - Ele foi ríspido. 

Escutei o choro dela e fui pra lá, fechando a porta e ninando. Começou uma gritaria enorme, Lili não parava de chorar e nem eu. Luan gritava discutindo, berrava, escutava as vozes dos dois. 

- COM QUE DIREITO? - Luan gritava nervoso. - VOCÊS NÃO TEM DIREITO NENHUM! É MINHA FILHA. 

- MINHA FILHA QUE É MÃE DESSA CRIANÇA, NÃO SUA AMANTE! 

- ELA NÃO É MINHA AMANTE. CAROLINA E EU NUNCA TIVEMOS NADA! VOCÊS VIERAM NA NOSSA CASA ME OFENDER, PEGAR MINHA FILHA? NUNCA.

- VOCÊ NUNCA FOI PRESENTE, AINDA NÃO SABE O QUE É AMAR UM CRIANÇA.

Eu escuta tudo chorando, balançando Lilian. 

- QUEM NUNCA SOUBE O QUE É AMAR UMA CRIANÇA FOI A FILHA DE VOCÊS! PELO MENOS ELA NÃO FEZ MAL A LILIAN COMO FEZ A OUTRA! 

Outra? Me confundi, mas a gritaria continuou.

- VOCÊ NÃO SABE O QUE TA DIZENDO!

- SEI MUITO BEM, QUEM NÃO SABE SÃO VOCÊS! SABIAM QUE EDUARDA ABORTOU UM FILHO? 

Me surpreendi tanto que quase deixei Lili cair. Do que Luan estava falando? 

- ISSO É MENTIRA! 

- MENTIRA? NÃO É NÃO, E EU POSSO PROVAR PRA VOCÊS! 

A gritaria passou, escutei Luan entrar no quarto dele a passos apresados e barulhos. Não demorou muito esta voltando, eu podia escutar seus passos. Ele falava mais baixo dessa vez, não conseguia escutar. Só ouvi ele pedindo pra saírem, e a porta bateu logo em seguida. Olhei meu colo, Lili quase pegava no sono, a porta de Luan bateu e então, depois de poucos minutos, Lilian dormiu e coloquei ela no berço, e fui falar com Luan.

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