Capitulo 51

- Carol, eu tentei evitar tudo isso!

- Você me traiu? - Ela me olhava com os olhos molhados.

- Não! Pelo amor de Deus, não! - Comecei a chorar. - Eu não faria isso com você. 

- Luan... 

- Eu me apaixonei por ela, por aquela mulher que te apresentei na festa do Sorocaba. - Abaixei a cabeça esperando vir a gritaria, mas isso não aconteceu. 

Me virei pra ela, que me olhava chorando cada vez mais. 

- Grita comigo, faz qualquer coisa, mas não fica calada!

- Luan, pra mim já deu! - Ela limpou as lagrimas. - Você ta vendo essas lagrimas que estou chorando agora? Eu juro que são as ultimas que vou derramar por você. - Ela levantou e foi se dirigindo pra sair da sala.

- Carol, estou sendo muito, muito sincero com você. E você não faz ideia do quanto está me doendo. - Peguei seu braço. - Eu decidi que seria assim esta noite, por que eu não posso mais mentir pra mim ou pra você. Não está dando mais pra gente. - Ela forçou pra que eu soltasse seu pulso e eu soltei. Ela parou me olhando. - Carol, eu não posso mais fazer isso com você, é injusto.

- Luan, olha, eu to indo embora, hoje, Não precisa mais dizer nada. 

- Eu não queria que fosse assim, eu juro. - Chorava mais que ela. 

- Quer saber de uma coisa? Você acha que eu queria? Mas sabe... É pra mim aprender. Por que eu sabia que isso tudo, não ia dar certo! Desde o inicio, nunca deu. Eu esperei você por anos, vivi em função da sua vida! - Ela começou a ficar nervosa e aumentar o tom de voz, enquanto chorava. - Eu ouvi você falar dos seus amores, de anos ou noites por anos e ANOS SEGUIDOS! ANOS LUAN! - Ela parou e recomeçou mais baixo, enquanto eu ouvia em silencio. - Eu vi você ficar noivo, vi você ser pai, da menina mais importante da minha vida, eu amo ela como se fosse sua mãe. E então, quando consigo ter você pra mim amar, eu não consigo por completo. Eu nunca vou conseguir, e não adianta bater na mesma tecla. A única coisa que eu fico confortada, é por você ter sido sincero. 

- Me desculpa, por tudo. - Não tive coragem de olhar pra ela. 

Ouvi seus passos apresados e fortes até o quarto e a porta batendo. Enxuguei minhas lágrimas e depois respirei fundo. 

- Ai meu Deus. 

Fiquei ali desiludido, chorando, com a consciência pesada até, minutos depois, a porta se abrir e ela aparecer arrasastando uma mala. Eu ne levantei e olhei pra ela. 

- Carol... 

- Não Luan. - Ela se dirigiu a porta.

- Escuta! Não esquece da Lilian, não precisa lembrar de mim, mas lembra que ela vai morar aqui ainda e... - Ela parou. - E ela ia amar te receber de vez em quando. 

Ela voltou a andar e saiu. Ouvi o barulho do seu carro e me joguei sentado no sofá com as mãos na cabeça. 

- Por que tudo tinha que ser tão difícil? Eu podia ficar tão bem com a Carol... 

- Escutei os passos de Lilian. 

- Papai, cadê a mamãe? 

- A mamãe vai viajar por um tempo. - Peguei ela no colo. 

- Ela não me deu tchau papai.

- Ela estava muito atrasada filha. 

- Ela vai voltar papai? 

- Eu acho que... Ela vai vir te ver sempre. 

- Vai mesmo? 

- Acredito que sim filha. 

- E se ela não vir papai? - Ela fez cara de choro. 

- Se ela não vir, vamos conversar sobre isso ta bem?

- Por que?

- Lilian, por enquanto, é assunto de adulto. Um dia você vai entender filha. - Passei o dedo pelo narizinho igual o da Duda. - Você antes se parecia bem com o pai, mas está cada dia mais parecida com a sua mãe. 

Ela pegou nos cabelos e olhou. 

- Mas mamãe tem cabelos de mel e os meus são escuros. - Disse confusa.

Eu ri dela. 

- Cabelos de mel?

- Sempre diz que ama os cabelos de mel dela. 

- A Carol tem cabelos de mel mesmo minha linda, mas estou falando da sua outra mamãe. 

- Mamãe Duda?

- Essa mesmo. 

- Mamãe Carol disse que mamãe Duda tinha os cabelos loiros. 

- É verdade. Mas o seu cabelo escuro é meu. Ta vendo, igual o do papai. - Balancei a cabeça. Ela riu. - Carol falava muito pra você da Duda filha?

- Falava algumas vezes. Tia Bru também fala. 

- A titia... Olha, o que você acha da gente pedir lanche hoje? 

- Oba! 

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