Capitulo 47

- Eu não quero mais falar disso. - Ela desviou o olhar.
- Tudo bem, olha, vamos nos distrair. Vou fazer comida pra nós.
Levantei, segui até a cozinha e procurei uma lasanha de microondas. Coloquei pra fazer e voltei pro quarto. Carolina estava deitada, olhando pra cima. Me deitei ao seu lado e beijei seu rosto.
- Tem uma festa hoje na casa do Sorocaba. Quer ir comigo? - Ela abriu um sorriso.
- Festa?
- Churrasco, essas coisas de sempre.
- São Paulo?
- Sim!
- Estou com saudade de São Paulo.
- Achei que fosse mais o Rio.
- Sou... Você sabe, praia, calor... Mas faz tempo que não vou nuda dessas festas.
- Vamos hoje então! - Sorri apoiando minha cabeça na mão e depois erguendo o olhar pra ela, depositando a mão livre em sua cintura.
Era verdade, ultimamente não tinha tanta vontade de sair com ela, ainda mais de leva-la naquelas festas. Ela me abraçou e eu me peguei prestando atenção em qualquer outra coisa atras dela, menos nela. Naquele momento em que não me entreguei ao seu abraço, o que nunca tinha acontecido antes, eu tive certeza que tinha algo diferente e forte dentro de mim. Algo estava errado e eu não tinha ideia do que. Me desfiz do seu braço e fiz questão de sair correndo com a desculpa do microondas apitando da cozinha.
- Oque está acontecendo meu Deus? - Apoiei o braço no balção e fiquei ali uns segundos, até tomar consciência e ver que o negocio apitava sem parar.
Abri ele e peguei nosso almoço. Arrumei a mesa e chamei ela.
- Você ta bem? - Ela pegou meu rosto e selou meu lábios, aquilo se tornou um incomodo.
- To, por que?
- Ta nervoso, agitado.
- Impressão sua, vamos comer...
Ela me olhou como quem não acreditava mas deixou pra lá. Depois fui tomar banho enquanto ela arrumou a cozinha, então ela foi tomar banho. Fiquei o tempo todo aéreo, incomodado com o que havia acontecido. Ela me chamou pra pegar a Lilian na casa da minha mãe e saímos. Fui em silencio, enquanto ela falava muito, bem alegrinha com o Lord no colo.
- O que foi? - Ela me cutucou.
- Por que?
- Você está muito estranho.
- Acho que vou ficar com gripe amor, não to me sentindo muito bem. - Menti, fazendo cara de doente.
- Vamos pegar voo daqui algumas horas Luan, não pode ficar doente agora.
- A gente chega na minha mãe e eu durmo ta?
- Mas e a viagem?
- Você me acorda uma hora antes, voltamos pra casa, tomo banho e me arrumo.
Quando chegamos, Lilian fez uma festa com o cachorrinho, assim como todo mundo. Deitei a cabeça no colo da minha mãe no sofá enquanto elas brincavam no chão com Lord, meu pai e Bruna. Fechei os olhos enquanto ela me fazia cafuné e esqueci por um momento dos meus pensamentos tortuosos, quando ouvi minha mãe perguntar.
- Tudo bem filho?
- Sim mã...
- Dona Marizete, tem remédio de gripe? Ele disse que não estava muito bem...
- Não precisa!
- Mas claro que não, eu pego. - Minha mãe se levantou e botei as mãos na cabeça me lamentando e me culpando pela mentira.
Ela apareceu com um copo e um remédio.
- Toma filho...
Olhei pra ela com um sorriso forçado.
- Acho que não precisa mãe...
- Toma logo Luan, vai numa festa gripado?
Peguei o comprimido e engoli de uma vez. Pegaríamos o voo a sete pra São Paulo e ainda era duas horas.
- Vai deitar amor. - Carol se levantou e me deu um selinho.
- Vou, vou sim.
Sai dali e quando cheguei no meu antigo quarto, fechei a porta e me joguei na cama.
- Ai que ótimo!
Me cobri e deixei o cansaço mental me levar. Logo estava dormindo e nem vi nada até quando senti Carolina em cima de mim, me dando beijos delicados.
- Amor, acorda...
- Que horas são? - Peguei em seu cabelo.
- Cinco e meia, vamos pra casa. O Lord e a Lili vão ficar.
- Vamos.
Fechei os olhos e coloquei a mão na cabeça, incomodado com a claridade.
- Melhorou?
- Melhorei. - Sorri pra ela.

- Vamos?

- Vamos. 

Levantei meio perdido e logo estava me despedindo da Lili e de todos. Acordei mais leve e voltamos pra casa ouvindo musica e cantando. Estavamos em sintonia e logo pegamos o avião rumo a São Paulo. 

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