Capitulo 49

Naquela noite tive um sonho perturbador. Estava com Malu, num jardim e Carolina chegava correndo, chorando, com Lilian. E de repente eu ficava entre as duas e tinha que escolher, então preferi Malu. Levantei assustado, respirando pesado. Olhei pro lado e Carol dormia profundamente. 

- Meu Deus, eu to ficando louco! Sorocaba colocou coisa na minha cabeça. - Disse pra mim mesmo, sentando com as pernas pra fora da cama. - Eu vou casar, é isso. Vou casar! 

Carolina se mexeu e eu me assustei. Tudo que eu não queria era que ela acordasse. Levantei e botei um bermuda e uma blusa jogadas ali do lado da cama do hotel, então olhei no relógio, eram 08:00. Escovei meu dente, peguei um chinelo e sai dali o mais rápido possível, todo afobado. Ainda no elevador disquei os números do meu pai. Ele não atendeu, então segui pro restaurante e peguei frutas pra mim. Peguei uma mesa bem afastada e sentei, quando meu celular tocou.

- Luan? - Ele disse assim que atendi. 

- Pai! 

- Você me ligou? São 08:00, você ta bem? Aconteceu alguma coisa?

- Pai, eu to voltando agora cedo pra Londrina, eu preciso muito que você me ajude. 

- Ajude? No que filho? 

- Eu quero sair a tarde, vai comigo? 

- Pra que?

- Pai, presta atenção. Estou num restaurante, vou falar uma vez ta?

- Fala. 

- Vou casar.

Ele ficou em silencio. 

- Pai?

- Casar? 

- É ué. 

- Luan, por que eu não estou gostando disso? 

- Pai, eu achei que...

- É intuição. Tem algo errado. Casar?

- Por que tão de repente? Tem algo nisso Luan. 

- Não tem nada! Pode me apoiar por favor? - Disse impaciente.

- Luan, Luan, Luan... 

- Pai, você vai comigo ou não comprar um anel? Se não eu peço pro Roberval!

- Eu vou Luan, só espero não me arrepender. 

- Não vai! 

- Te conheço o suficiente pra saber que tem algo nisso. 

Me despedi impaciente dele e desliguei. Olhei pro meu prato e comi por dever, por que tinha perdido a fome. Subi pro quarto e acordei Carol. Ela tomou um vanho e resolveu descer pra comer, enquanto eu tomava. 

- Caiu da cama? - Ela perguntou antes de sair, passando os braços pelo meu pescoço. 

- Eu não dormi bem. 

- Ta tudo bem? - Ela me deu um beijo profundo. 

- Depois desse beijo pra tudo ótimo. 

Ela riu.

- To sentindo você muito tenso. 

- Trabalho amor. - Mexi em seu cabelo e me esforcei pra olhar em seus olhos. 

- Você sabe que pode contar comigo pra tudo não é? Eu vou amar escutar seus problemas. 

Ela passou a cabeça por cima do meu ombro, rindo e me apertando um abraço forte. 

- Será mesmo? - Realmente me questionei. 

- Mas é claro que vou. 

- Você é incrível. 

- Por que eu te amo. 

- Eu sei disso. 

Minha cabeça pesou ali e fiz questão de mandar ela descer logo, por que já estava começando a me sentir sufocado de novo. Tinha algo muito errado, mas eu tentava não dar atenção. 

- Eu vou casar e acabou! Vai passar. Isso é coisa da minha cabeça. - Disse me olhando no espelho. 

A tarde sai com meu pai em direção ao shopping. Ele não me questionou, não fez perguntas ou exigiu explicações, só foi lá e me ajudou a comprar um anel de noivado. Carol teria que trabalhar a tarde, Lilian ficou com a minha mãe. Quando voltávamos, eu dirigia e ele me disse:

- Filho, eu acho muito bom você tomar essa decisão, seguir sua vida enfim.

- Obrigado pai.

- Quando vai pedir?

- Eu to pensando ainda, mas acho que vou esperar alguns dias. É melhor. Carol ta com uns problemas, eu não posso fazer isso agora assim.

- O que aconteceu com ela?

- O medico disse a ela que ela não pode ter filhos. 

- Não?

- Não. Mas sei lá sabe? Ela não pode ir por um medico assim.

- Claro que não! Vou falar pra sua mãe falar com ela. 

- Convenci ela a ir em outro e tal, mas eu não sei, acho que ela não quer ouvir de novo um não. Pede pra mãe marcar uma consulta no medico dela que eu vou convencer ela a ir, a mãe pode ir com ela, por que acho que ela não vai querer que eu vá.

- Acho melhor, vou falar com a sua mãe. Luan...

- Oi.

- Tem algum outro motivo pra você pedir ela em casamento assim do nada.

- Pai, eu só vou evitar qualquer tipo de confusão que não pode acontecer entende? Eu to tentando fazer alguma coisa pela gente, só isso. 

- Vocês estão com problemas?

- Não, mas talvez eu esteja, então é melhor cortar pela raiz. Só estou de cabeça quente, amanhã eu viajo e tento botar a cabeça no lugar, quando eu voltar eu peço ela em casamento e pronto. É isso. 

- Tudo bem Luan, só não faz besteira, ta bem? Você sabe que não adianta fazer nada por impulso.

- Eu sei pai, eu sei...

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