Capitulo 79

Capitulo dedicado a Isabella Lopes!

E de repente Luan se aproximou demais. Ele estava direto em casa, toda semana. Geralmente a tarde, eu saia mais cedo que Fernando e o cantor me visitava antes da chegada dele, e saia sem deixar ocorrer encontros. Ele vivia em São Paulo, então tinha tempo com frequência. Era fácil pra ele. Conversávamos muito, assistia filmes ou simplesmente ficávamos perdendo nosso tempo sentados no sofá, falando bobagens. Mas havia uma grande problema. Ele dizia estar ali como amigo, mas ficava me provocando, torturando, testando. Se aproximava demais e depois saia se afastando, me atiçando. Eu já estava louca com ele, mas estava caindo no seu jogo. Com a aproximação dele, as coisas começaram a ficar cada vez mais confusas. Luan vinha, me fazia feliz, e quando Fernando chegava, a magia continuava, como se eu me sentisse bem com os dois. Era feliz demais com Fernando, mas eu sentia a felicidade com Luan também. Eu sabia que Fernando não merecia isso, mas era impossível evitar. Em um desses dias estava sentada entre suas pernas, no sofá, de costas. Ele num ato inesperado, me puxou pra perto de si e começou a passar os lábios pela minha nuca. 

- O que foi? - Disse me sentindo arrepiar. 

- Para com isso! 

- Com o que?

- Para, por que depois você foge.

- Meu Deus, não era isso que eu queria, desculpe, temos que pensar no Fernando, o que acharia? 

Revirei os olhos sem a resposta que ele queria. 

- Luan... 

- Somos melhores amigos, não somos? Como antes Carol... 

- Como antes. - Ele se aproximou e beijou meu cabelo. Em seguida, me puxou sobre seu colo. - Conversou com o Fernando sobre o que eu te disse?

- Sobre?

- Os exames... - Ele disse receoso.

- Ele não apoia.

Luan tinha me convencido a falar com Fernando pra fazer os exames sobre gravidez em outro medico. 

- Eu não acho justo você abrir mão disso. - Ele sentou novamente.

- Pra que sofrer de novo?

- E se não for pra sofrer?

- Luan, nem faz mais tanta importância.

- E por que não? Por que comigo fazia?

- Por que era você. 

Ele se calou e então apoiou a cabeça no meu pescoço. Me arrependi imediatamente.Eu tinha marido, e agora Luan ficava com essa de vir aqui e ficar bagunçando meus sentimentos. Isso estava me deixando louca.

- Eu vou embora. - Ele se levantou, botando o tênis.

- Luan, desculpa.

- Não tem que pedir desculpas. 

- Fica? 

- Não.

- Por que?

- Por que não dá Carolina. Só chama um táxi pra mim.

Depois disso, Luan sumiu por dias. Nem atendeu telefone. Eu já sentia sua falta, que só era abafada quando estava com Fernando, que não sabia da nossa aproximação. E o sumiço dele era desesperador e aquilo estava me matando aos poucos. Um misto de emoções, todo dia tomava conta de mim. Era desespero, saudade, amor, confusão, angustia, medo, arrependimento, e ao mesmo tempo sofria por estar tudo tão confuso com meu casamento, me culpava. E o mais importante: a culpa da traição. Não parecia que tinha entrado na igreja, e sim na minha maior provação. E a cada dia, eu via os sentimentos por Luan crescer. Num ato desesperado, liguei pra sua mãe, perguntei por ele, e então ela me disse que ele estava bem, em casa, mas tinha saído. Quase implorei pra ela pedir pra ele me ligar. Não engolia o jeito que ele saiu de casa, aquilo estava me matando. Naquela noite, eu e Fer havíamos acabado de jantar quando o barulho de mensagem encheu a sala. Era uma SMS dele, dizendo que ia me ligar, se estava tudo bem. 

- Quem é? - Fernando perguntou vindo atras de mim.

- O Luan, ele pediu pra me ligar. Tudo bem se eu falar com ele um instante? Não importa de esperar um pouco pelo filme?

- Não, eu vou arrumar lá em cima no DVD, não demora. - Ele me deu um beijo intenso e logo subiu. 

Respirei fundo e respondi que sim. Não deu dois minutos e o celular tremeu na minha mão. 

- Luan...

- Oi Carol, minha mãe disse que queria falar comigo...

- Como assim quero falar? Você sumiu... - Já estava nervosa e brava.

- Ah, é isso? 

- É isso, custa me atender?

- Nossa, vamos com calma.

- Luan, por que você saiu daquele jeito daqui?

- Por que eu precisava de um tempo.

- Tempo?

- Tempo ué.

- Por que? A gente estava indo tão bem e...

- Ele não é eu. 

- O que?

- Não foi isso que me disse? - Me calei. - Desculpa, mas eu precisava repensar tudo isso. Amizade, amizade e amizade, em vão? 

- O que quer dizer?

- Você não sabe com quem quer ficar. Se soubesse, não me importaria com isso, mas você não sabe. E ficar indo te ver, e você ficar me dando esperanças... Eu não quero me iludir Carolina. Ficar perto de você ouvindo que comigo seus sonhos seriam diferentes, é me subestimar demais. 

- Mas eu achei que... - Estava entrando em desespero.

- Acho que podia me ter e ficar com ele? Eu poderia dividir qualquer mulher nesse mundo, menos você. Já cometi esse erro uma vez, e não vou me deixar levar de novo.

- Mas você disse que seriamos amigos...

- Disse, mas você ta me dando esperanças. E eu não quero você pela metade, não quero. Se não for pra ser só minha, eu não quero. Prefiro ser infeliz. Nosso amor, não é pra ser pela metade. Se eu continuasse a te ver, eu ia perder meu controle. - Ele respirou fundo e eu já estava chorando. - Não sabe como foi difícil pra mim aquele dia abaixar a cabeça e respirar fundo pra não te beijar, te tirar dessa casa, te sequestrar, sei lá. Por que eu não quero você pela metade Carolina.

Ele desligou a ligação. Contei até vinte andando de um lado pra outro tentando me acalmar. Enxuguei as lagrimas e respirei fundo. Lavei o rosto na pia da cozinha, totalmente afetada por suas palavras. Vi ali o quanto o amava, mas ao mesmo tempo lembrei de Fernando me esperando no quarto. Agradeci que quando entrei estava escuro.

- Tudo bem? - Ele sorriu colocando o telefone de lado. - Vem cá minha vida.

Me aconcheguei em seus braços e assistimos o filme. Ou melhor, ele assistiu. Meus pensamentos estavam na pequena Londres.

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