Capitulo 77

Capitulo dedicado a Marcela Hoffmann Leandro!

Narrado por Luan.

Estava debruçado na janela do hotel olhando a cidade. Se passava das 21:00, o casamento devia estar acabando e eu ainda tinha esperanças que meu telefone tocasse e que ela estivesse do outro lado da linha dizendo que me amava e não iria se casar. E ele tocou em cima da cama. O toque arrebatador nunca me foi tão esperado. Corri e atendi, sem nem olhar o visor.

- Alô...

- Luan? - Era Bruna.

- Oi Bru. - Sentei na cama. - Me diz que ela não casou.

- Luan... Ela casou. Desculpa. Eu sabia que você ainda tinha esperanças, então te liguei. 

Desliguei sem ao menos responder pra ela. Abri o frigobar e deixando algumas lagrimas caírem, peguei a bebida mais forte que tinha ali. Sentei na mesa, me servi e fiquei bebendo chorando.

- Eu não acredito meu Deus. - Passava as mãos pelo cabelo.

Passei a noite toda bebendo e só parei quando meus pais chegaram da festa e meu pai veio me ver. Eu já não estava mais me aguentando e ele me botou pra dormir. E eu dormi. Mas é claro que acordei com uma ressaca infernal e dor. Tomei um remédio e um banho. Ouvi batidas na porta e abri de toalha. Era Bruna.

- Vim ver como você está. - Ela me abraçou e me apertou.

- Destruído.

- Se te consola, ela pensou. Ela não queria entrar e pediu um tempo antes.

- Serio? - Ergui a sobrancelha. 

- Sim. 

- Mas ela entrou.

- É, ela entrou.

- Eu não vou desistir.

- Não?

- Não. Não posso desistir dela, nunca desisti de nada. - Apoiei as costas na porta. - Ela me ama Bruna, você acha que esse casamento dura? 

- Não. 

- Ela já não pode ter filhos, do que esse casamento vai se alimentar? Amor? Que amor? - Dizia inconformado.

- Qual o plano?

- Vou meu agarrar ao que eu tenho, a amizade. Foi por ela que conquistei Carolina um vez, vou conquistar de novo.

- É bom te ver falando assim.

- É o que tenho que fazer Bru.

- Faço.

- Vou esperar-la.

- Eu não achei que você amasse tanto ela.

- Nem eu Bru.

Ela logo saiu, dizendo que iam embora em duas horas. Eu ia ficar, encontraria a equipe mais a noite pra fazer show. Eu pedi pra não falarem sobre o assunto, e assim foi. Ninguém comentou nada, e assim foi melhor. De madrugada, pensando nela e na situação, comecei a escrever, e sabia que tinha um sucesso em mãos. 

Mesmo que você não caia na minha cantada

Mesmo que você conheça outro cara

Na fila de um banco

Um tal de Fernando

Um lance, assim

Sem graça

Mesmo que vocês fiquem sem se gostar

Mesmo que vocês casem sem se amar

E depois de seis meses

Um olhe pro outro

E aí, pois é

Sei lá

Mesmo que você suporte este casamento

Por causa dos filhos, por muito tempo

Dez, vinte, trinta anos

Até se assustar com os seus cabelos brancos

Um dia vai sentar numa cadeira de balanço

Vai lembrar do tempo em que tinha vinte anos

Vai lembrar de mim e se perguntar

Por onde esse cara deve estar?

E eu vou estar

Te esperando

Nem que já esteja velhinha gagá

Com noventa, viúva, sozinha

Não vou me importar

Vou ligar, te chamar pra sair

Namorar no sofá

Nem que seja além dessa vida

Eu vou estar

Te esperando

* Te Esperando é do Bruno Caliman, mas acho que podemos pegar emprestada um pouco e fingir que foi o Luan que compôs.

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